O Manuscrito Mutilado
O MANUSCRITO MUTILADO narra a vida do médico alto-duriense Paulo de Távora Boto, que viveu na vila de S. João da Pesqueira entre 1566 e 1638, com relatos verídicos do difícil ambiente familiar por pai demasiado severo, peripécias, refúgio em casa de um tio vigário geral em Punhete (actual Constância), onde encontrou D. António Prior do Crato; adolescência e licenciatura em Medicina em Coimbra, com referências a professores, livros, matérias e formas de exames da época.
Alegrias e tristezas de um pai de família, desabafos de um pai com um filho padre sobre o terror da Inquisição e conversas com o eremita do Salvador (eremitério sobranceiro ao rio Douro no concelho de S. João da Pesqueira), que estivera na Terra Santa, de onde trouxe (realmente) um osso do braço de S. Jerónimo.
Viuvez em 1623.
Entre 1630 e 1632, escreveu um livro de genealogia e registou acontecimentos familiares.
Eventual segundo casamento do médico com uma antiga paciente, também viúva e com filhos.
Filhos deste casamento.
Morte natural de Paulo de Távora Boto.
O MANUSCRITO MUTILADO é um romance genealógico-histórico baseado em pessoas, locais, acontecimentos e datas reais, cuja “coluna vertebral” é o manuscrito de família escrito por Paulo de Távora Boto. Assiste-se à sua génese em 1630 e, anos após a morte do seu autor, o manuscrito inicia uma fase conturbada ao longo de mais de 380 anos, em que a ficção começa a entrelaçar-se com a realidade.
Entram em cena três homens que lhe estão ligados.
Dois deles (pai e filho), descendentes do primeiro casamento da segunda mulher do autor do manuscrito, estão tão intimamente ligados entre si na acção que maquinaram que podem ser considerados como um único fio de retrós.
Por motivo de heranças, rasuram e mutilam o manuscrito, arrancando-lhe os cadernos finais.
O terceiro homem, descendente do 2o casamento do autor do manuscrito, interessa-se pelo manuscrito, examina-o e verifica que foi rasurado e mutilado. De investigação em investigação, vai-se aproximando dos fautores.
Factos
É-lhe armada uma cilada e, acusado injustamente de assassínio, é condenado e preso na Cadeia da Relação do Porto, onde morre em 1666.
Anos depois, o verdadeiro autor do assassínio revela, à hora da morte, toda a verdade.
O manuscrito atravessa, assim, um período de vida intensa em que está sempre presente em todos os acontecimentos da vida das várias gerações que acompanha, porque nele vão sendo registados nascimentos, baptizados, casamentos e mortes de membros da família do seu autor.
Até 1700.
O manuscrito, entretanto, considerado quase como amaldiçoado pela família, é vendido e entra num período de morte aparente ao integrar uma grande biblioteca particular, a Colecção Pombalina do Palácio de Oeiras do Marquês de Pombal, que veio a ser comprada no séc. XIX pela Biblioteca Nacional de Lisboa.
Aqui, anos volvidos, o manuscrito é redescoberto e por algum tempo reanimado por investigadores, mas volta a cair no torpor.
Ressuscita, por fim, vigoroso e de uma vez por todas, já no séc. XXI, para se dar a conhecer a um décimo neto do seu autor, que o consultou na BNL e fez dele o protagonista de O MANUSCRITO MUTILADO.
O manuscrito parece agora estar em vias de encontrar o seu destino, que, com amor, lhe fora traçado pelo seu autor, em 1630, ao escrever que (…) entre tanto havera na geração algu~a pessoa, que o vá estendendo de melhor talento, que o meu. (…). Com esta frase ficou traçado o destino do manuscrito e também o seu desassossego até encontrar alguém que o vá estendendo de melhor talento … Uma alma à procura da sua alma gémea, ou talvez não, talvez uma alma à procura de si mesma… por se ter perdido de si mesma durante a viagem ao longo do tempo, ou pelo facto de a sua vida ter sido incompleta e procurar completá-la, mesmo quando, como manuscrito, repousando esquecido numa prateleira entre milhares de outros manuscritos.
Este meu 10.º avô parece ter tido a percepção de que O MANUSCRITO MUTILADO viria um dia a ser escrito…
Após séculos de separação ‒ e num exercício desta vez totalmente ficcionado do autor do séc. XXI ‒ será que a parte final arrancada ao manuscrito vem finalmente unir-se ao seu corpo principal?
16 x 24 cm | 308 páginas
Albano Chaves resgata mais uma vez a memória da família Távora, de São João da Pesqueira. Roubando algumas palavras de um soneto de Frei Matias de Távora (sobrinho do protagonista do Manuscrito Mutilado, o Lic.º Paulo de Távora Boto), direi – Primo Albano, “coluna dos Távoras dessa terra escrevei, que também fi co honrado. E pois assim honrais à nossa gente”.
Óscar Caeiro Pinto Genealogista
Fiquei encantado com o teu livro. Conhecendo bem a gente tratada no livro, assim como o manuscrito PTB, foi para mim fácil imaginar os personagens como as descreves. Devo dizer que muitas vezes não consegui diferenciar a ficção da parte histórica… sinal do teu talento de escritor, sem dúvida!
João Braz Genealogista Associate Research Anatomist University of California San Francisco