Contos das duas e dez da madrugada

13,00

Em alguma literatura de feição romântica existe quase sempre um momento aziago, uma hora precisa em que, por conspiração dos deuses, uma grande desgraça se abate sobre os personagens que a vão pressagiando, até que a narrativa atinge o seu clímax. No presente livro de contos, essa hora fatídica está desde logo marcada no título: 2:10. MARGARIDA ILDEFONSO, deste modo, dá o mote que aglutina as várias estórias que se relacionam com o sobrenatural, com o oculto, com o desconhecido, com o medo e com a busca incessante de uma vida extra-sensorial em que parece acreditar como quem demonstra um puro facto lógico universal. Um exemplar de não fácil arrumação, mas que oscilaria entre a literatura policial e algo próximo da construção fantástica de EDGAR ALLAN POE. (…) Não se fica indiferente à escrita da MARGARIDA ILDEFONSO. (…) O seu tom vivo, directo, quase sem rodeios (a memória voou para passagens das crónicas de FERNÃO LOPES, que inscreveu na História os “patas ao léu” e “os ventres ao sol”), apresenta-nos uma “escritora em estado puro”, ou o mais próximo possível dele, pois desconfio sempre de uma pureza asséptica.

Categoria: ISBN: 9789898683380

 

 

Autor

Margarida Ildefonso

As origens da Margarida Ildefonso remontam a Lamego e a S. João de Tarouca por parte dos progenitores. Autodidata – desde tenra idade demonstrava visível propensão para a poesia e, apenas mais tarde, quando já tinha trinta e três anos de idade, é que escreveu o primeiro conto –, mediante um inatismo que considera inteiramente endógeno. Nascida nas proximidades de Lisboa teve dupla educação de sentido inverso: Por um lado, na simplicidade rústica do lar materno, recorda da infância, as brincadeiras campónias com os irmãos e demais pirralhos, e as noites inolvidáveis junto à lareira pejadas de contos fantásticos; por outro, através da madrinha de batismo, teve acesso a um lar austero, onde o rigorosismo de fachada social e preponderante de convívio restrito, conduziram ao isolacionismo, à interiorização e à mutação de um caráter ávido de vida e de bulício vulgar. Na presente época, a autora reside em Águeda, mesmo num extremo da cidade (a cerca de quatro quilómetros de Albergaria-a-velha), mas residiu durante mais de vinte anos em Sever do Vouga, aonde nas maravilhosas paisagens da região do Vale do Vouga, prosseguiu a sua inicial inspiração, descortinando uma mais valia nos exóticos contos.