Tudo Faz Sentido
Neste livro breve, pleno de densidade conceptual mas também de imagens inesperadas e não menos densas na sua poética significação, encontra o leitor uma reflexão acerca da escrita e da criação no seu acto embrionário e genesíaco, mas também uma profunda reflexão em torno de uma dissonância fundamental que é igualmente um equilíbrio: o tema da morte e do vazio, em confronto com a origem das coisas do mundo, os fenómenos que deslumbram a humanidade para lá de tudo o que é visível ao olhar humano. Para a vivência íntima da poesia enquanto arte do sublime, existe uma proximidade contínua entre a palavra e a morte, a necessária estiolação do seu sentido inicial, convertido numa miríade de outros sentidos. É nesta multiplicidade que se fundamenta o carácter perene da arte poética, não apenas na perspectiva do seu fenómeno criativo, mas também na sua permanência no domínio inteligível enquanto palavra. A existência poética incorpora esse vazio, suspensa num tempo indeterminado: o poeta existe sobretudo para si mesmo, como se não tivesse rosto, figura ou braços; a arte começa e acaba em si de modo a alcançar a necessária e exigente plenitude.