Jesus segundo os 4 Evangelhos em 5 volumes

20,00

O 50º livro do autor e, simultaneamente, celebra os seus 50 anos de actividade literária (1969 “Evangelizar os Pobres”, Figueirinhas). Contém os 4 Evangelhos canónicos em 5 volumes. Uma edição nunca antes realizada no país e, provavelmente, no mundo. E que já tem em conta os novos dados histórico-científicos sobre Jesus e as origens do cristianismo. Com ela, ficamos a saber que os Evangelhos são Narrativas histórico-teológicas escritas na clandestinidade, por isso, em linguagem encriptada. Com os quais as diversas Comunidades clandestinas testemunham Jesus histórico e o seu Projecto político de sociedade, a sua Fé e a sua Teologia, nos antípodas das fés e das teologias de todos os deísmos e livros sagrados. Nesta obra, cada Volume é precedido de uma Introdução. E cada capítulo, de breves tópicos com dados histórico-científicos, graças aos quais podemos hoje conhecer melhor Jesus Nazaré do que os seus próprios concidadãos. Sobretudo, podemos perceber com clareza porque o matam na cruz do império. O crime dos crimes que Pedro e Paulo, Tiago, irmão de Jesus e o imperador Constantino não descansaram, enquanto não converteram no maior sacrifício de redenção da Humanidade em honra de um deus sedento de sangue de vítimas humanas, o da Bíblia judeo-cristã!!!

 

Entrevista ao DN em 14 de Julho de 2019 onde o Padre Mário de oliveira fala sobre este livro

“Este livro é profundamente antropológico e teológico e navega as águas do humano e não do divino.”

Padre Mário de Oliveira em entrevista ao Diário de Notícias

Quando perfaz 50 livros publicados, o padre Mário de Oliveira, também conhecido como o padre Mário da Lixa, faz a opção por lançar o livro /Jesus segundo os 4 Evangelhos em 5 Volumes/. Uma edição que, garante, nunca antes foi realizada em Portugal e, provavelmente, no mundo. Além dos textos sagrados acrescenta os novos dados histórico-científicos sobre Jesus e as origens do cristianismo.

Em entrevista ao DN, faz questão de esclarecer que este não é um “livro religioso”. Justifica: “Todo o religioso é perverso, politicamente alienante e anestesiador. O religioso é a doença infantil da humanidade. Este livro é profundamente antropológico e teológico e navega as águas do humano e não do divino.”

Mário de Oliveira é presbítero da Igreja do Porto desde 1962, foi capelão militar na guerra colonial na Guiné-Bissau, de onde foi expulso por pregar o Evangelho de Jesus e os direitos dos povos colonizados. Rotulado como “padre irrecuperável”, foi exonerado da paróquia de Paredes de Viadores, seguindo-se a sua nomeação como pároco de Macieira da Lixa pelo bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, mas dez meses depois é preso político em Caxias. Posteriormente, é proibido de exercer e dispensado de qualquer ofício canónico. A partir de 1975 torna-se presbítero-jornalista, situação que se mantém até hoje.

ESTE é O SEU 50.º LIVRO. QUE BALANÇO FAZ DESTA SUA CRUZADA LITERÁRIO-RELIGIOSA?

Para mim, não se trata de uma “cruzada”. Um conceito de má memória, tantos e tamanhos os horrores que as cruzadas do passado e do presente causaram e continuam a causar. Trata-se, sim, de uma das múltiplas atividades em que a minha condição-missão de presbítero-jornalista se tem realizado. Também não entendo que seja “literário-religiosa”. Literária e jornalística é. Religiosa, não, até porque para mim, e como reiteradamente esclarecem os meus sucessivos livros, todas as religiões são intrinsecamente más. Já que todas elas religam as populações para cima e a uma entidade mítica fora delas e imaginada por elas como todo-poderosa, quando a saúde e o bem-estar (salvação) das populações só acontece, se ousarmos viver religados uns aos outros, na diversidade de culturas e de falares, e, simultaneamente, religados ao cosmos, como cosmos-consciência que somos.

MAS HÁ UM BALANÇO A FAZER?

Sim, mas o balanço de toda esta minha atividade literária-teológica cabe mais às pessoas que a conhecem e têm beneficiado dela, tanto nos livros como nos jornais, nas redes sociais, nos milhares de vídeos no YouTube e em incontáveis encontros ao vivo por todo o país. A julgar pelos muitos testemunhos que ao longo dos anos me têm chegado, só posso afirmar que é um balanço inultrapassável por qualquer outro presbítero e por qualquer outro jornalista do país. A segunda metade do século XX e a primeira metade deste século XXI em Portugal são manifesta e positivamente Marcadas pelos meus livros e por toda a minha multifacetada atividade presbiteral e jornalística, com destaque para o jornal “Fraternizar”,durante 23 anos em suporte papel atualmente apenas em suporte digital “online”. Quando perfaz 50 livros publicados, o padre Mário de Oliveira, também conhecido como o padre Mário da Lixa, faz a opção por lançar o livro “Jesus segundo os 4 Evangelhos em 5 Volumes”. Uma edição que, garante, nunca antes foi realizada em Portugal e, provavelmente, no mundo. Além dos textos sagrados acrescenta os novos dados histórico-científicos sobre Jesus e as origens do cristianismo.

QUAL DOS SEUS LIVROS PODE CONSIDERAR-SE INCONTORNÁVEL?

Desde logo, este livro 50. Andou em gestação quase tantos anos quantos os que levo de presbítero ordenado em 5 de agosto de 1962. E só agora, em 2019, é que veio à luz. Como num parto. Também com dores. As dores de perceber, à luz dele, que trazer enganada a humanidade durante dois mil anos de cristianismo é muita gente enganada e muito ano. Com a agravante de o Mal estrutural que é o cristianismo, nas suas múltiplas igrejas, ter-se sempre feito passar pelo Bem estrutural. Como se alguma vez o “bem-fazer” fosse igual a “fazer o bem”, e a “caridadezinha” fosse igual a justiça praticada, de acordo com aquele primeiro princípio da humanidade sororal-fraterna que diz, “De cada um segundo a sua capacidade, a cada um segundo a sua necessidade”. Mas, antes deste, há outros livros que tenho como incontornáveis, a começar pelo primeiro, em 1969, “Evangelizar os Pobres”, “Chicote no Templo” em 1973, “Fátima Nunca Mais” em 1999, “Fátima, S.A.”e muitos outros que se seguiram, como “Evangelho no Pretório. Uma Espécie de Autobiografia com Humor e Amor”, de 2018

REFERE QUE é A PRIMEIRA VEZ QUE UMA OBRA COMO ESTA APARECE NO MUNDO. QUE A DIFERENCIA DE TUDO O QUE TEM PUBLICADO?

Tudo, ou quase. Antes de mais, porque este é um livro cuja temática é totalmente universal. Pode e deve ser traduzido para todas as línguas mais faladas do mundo, porque a temática dele é transversal a todos os povos e culturas, a chinesa incluída. É o livro em que o jornalista profissional que sou dá lugar ao presbítero ordenado que sou. E este, por sua vez, dá lugar ao teólogo que também sou, não da teologia com que o seminário tridentino tentou formatar a minha mente e as universidades confessionais do mundo continuam hoje a tentar formatar as mentes de quem as frequenta, mas da teologia outra que as religiões e as igrejas cristãs e respetivos Livros Sagrados odeiam e fazem tudo por tudo para silenciar e manter sequestrada. Aquela teologia que nasce das práticas políticas maiêuticas de Jesus histórico, o filho de Maria, da sua fé com tudo de secular e de política praticada, não de religião, e que nos remete para um Deus que nunca ninguém viu nem vê, porque nos habita mais íntimo a nós do que nós próprios, a potenciar-nos de dentro para fora para vivermos na história como se Ele não existisse. Uma vez que, para para esta fé-teologia outra, a de Jesus histórico, tudo o que acontece na história, de bom ou de mau, é da nossa exclusiva responsabilidade. Pelo que nunca podemos interpelar-acusar Deus, como fez o papa Bento XVI, em Auschwitz, quando pergunta “Onde estava Deus quando tudo isto aqui aconteceu?”, já que a pergunta correta será: «Onde estávamos nós, seres humanos e povos, quando tudo isto aqui aconteceu?”

TRATA-SE TAMBÉM DE UMA FÉ-TEOLOGIA?

Sim, e que se atreve a colocar os seres humanos e os povos que vemos, antes e acima de Deus que nunca vimos nem vemos. Uma fé-teologia que não gosta de sacerdotes, nem de clérigos, nem de pastores, nem de messias, nem de intermediários. De modo que é muito difícil ser-se ateu de um Deus assim, porque só quando acolhemos e servimos maieuticamente os seres humanos e os povos que vemos é que mostramos que cremos em Deus que não vemos. Tudo neste livro é novo, inclusive os cinco Livros que o tecem, mais conhecidos como “Evangelhos canónicos”. Veremos, ao lê-lo-escutá-lo, que o conhecido livro “Actos dos Apóstolos” nunca existiu. O que historicamente existe é o “Evangelho de Lucas”, Volume I e Volume II. Só que nunca um editor até hoje nos apresentou assim o “Evangelho de Lucas”. Muito menos houve, até aparecer este meu livro, um editor que se atrevesse a pôr a sua chancela numa obra que deixa claro que o Volume II do “Evangelho de Lucas” não é, como sempre nos enganaram, o da entronização dos 12 apóstolos, mas sim o da denúncia da inominável traição que o grupo dos doze, todos inicialmente, escolhidos pelo próprio Jesus histórico, lhe fazem, ao perceberem que ele não só não é o “messias” ou “cristo” davídico por eles esperado por aqueles dias, como tão-pouco quer que algum ser humano o venha a ser, porque, nesse mesmo instante, desiste de ser Humano, para ser Poder que vence, reina, impera sobre os mais, todos súbditos seus. Os doze, com Pedro à cabeça e Judas a fechar a lista, não só o traem e entregam aos sumos-sacerdotes do templo de Jerusalém, a preço de sangue, como ainda, depois de o apanharem morto na cruz do império e verem o seu cadáver lançado à vala comum, como o maldito dos malditos, correm a fundar, com o aval dos sumos-sacerdotes, o judeo-cristianismo – entenda-se, o judaísmo-com-messias – juntamente com os familiares de sangue de Jesus, mãe incluída. Precisamente, na sala de cima do Templo de Jerusalém, o mesmo onde, dias, semanas antes, Jesus anda de chicote em punho, a expulsar tudo de lá para fora, ao concluir que ele não passava de um “covil de ladrões”, que até o último cêntimo da viúva pobre tinha de entrar no respetivo tesouro. O mais grave é que toda esta inominável traição dos doze perdura até hoje. E não como traição, mas como coisa boa. Só mesmo este livro poderá iniciar a sua implosão. É por isso um dos livros que mais vão marcar positivamente este nosso terceiro milénio.

 

ESTE /JESUS SEGUNDO OS 4 EVANGELHOS EM 5 VOLUMES/ É MAIS UMA DENÚNCIA OU A REPOSIÇÃO DA VERDADE?

É as duas coisas. É denúncia da traição que os doze e o cristianismo de Pedro, Paulo e Constantino imperador de Roma fazem a Jesus histórico, o camponês-artesão de Nazaré, o filho de Maria, e ao seu projeto político, nos antípodas do projeto político dos sistemas de Poder, hoje, sobretudo, o Poder financeiro global. Basta ver que, neste início do terceiro milénio, o atual Papa Francisco e o seu comparsa emérito, Bento XVI, são, como todos os papas que os antecederam, sucessores do imperador Constantino, o primeiro papa que, nessa mesmíssima qualidade de papa imperador de Roma, convocou os Concílios de Niceia e Constantinopla, dos quais resultou o Credo que ainda hoje é recitado aos domingos nas missas. Mas este livro é também de reposição da verdade sobre Jesus histórico e o seu projeto político alternativo ao dos sistemas de poder, totalmente desconhecido dos povos ainda hoje, graças ao cristianismo que não só não prosseguiu Jesus histórico, como ainda o escondeu às sucessivas gerações. Em seu lugar, tem-nos sistematicamente apresentado o que os seus teólogos chamam “Cristo da fé”, um mito bíblio-davídico que nem eles sabem dizer em que consiste. Pois bem. Com este livro fica claro que os Evangelhos canónicos são quatro, mas que um deles, o de Lucas, “faz-se” em dois volumes. Fica também claro que os quatro foram escritos por pequenas comunidades clandestinas e em linguagem encriptada, com o propósito de testemunharem Jesus histórico e o seu projeto político, antes de mais, contra o judeo-cristianismo de Pedro e Tiago, na altura, já a ganhar muitos aderentes em Jerusalém. Finalmente, este livro dá-nos a chave de acesso à mensagem encriptada dos quatro Evangelhos em cinco volumes e que só assim a boa notícia que eles anunciam-testemunham pode ser entendida e saboreada. Deste modo, podemos conhecer Jesus histórico, o filho de Maria, bem como o seu projeto político, por causa do qual ele foi crucificado. E concluir que só mesmo ele é a beleza das belezas, graças, sobretudo, ao seu sopro com tudo de feminino, por isso, nos antípodas do sopro do poder, com tudo de macho, de estranho, de dominador. E por ele, com ele e nele, podemos também ver como todas, todos nós havemos de ser, aqui e agora, enquanto seres humanos e povos terceiro milénio adiante.

RETIRA-LHES A ROUPAGEM QUE, DIZ, “HOUVERAM POR BEM VESTI-LOS (…) PARA PODEREM MANIPULAR-DETURPAR POR COMPLETO A BOA NOTÍCIA DE JESUS NAZARÉ”. SERÃO, DESTE MODO, MAIS VERDADEIROS?

Sim. E direi mais, Só deste modo são verdadeiros. Pelo menos, são bem mais próximos da realidade histórica que é Jesus, o de antes do cristianismo. E ainda com a mais-valia de que agora os lemos-escutamos neste século XXI-terceiro milénio, por isso, com horizontes totalmente outros comparativamente aos do século I na Palestina. E à luz dos dados que a investigação histórica e científica destes últimos 40 anos nos oferece e que já são tidos em conta neste livro. Podemos, pois, dizer que, graças a este livro, acabamos por conhecer Jesus histórico ainda melhor do que os seus concidadãos, entre meados do ano 28 e abril do ano 30. Além disso, sabemos hoje que o momento em que Jesus atinge a sua plenitude humana, que vai muito para lá dos limites do espaço e do tempo, é precisamente aquele em que, já crucificado, dá à humanidade e ao mundo o seu sopro ou espírito, imediatamente depois de ter feito a grande pergunta ainda hoje em aberto, ‘Meu Deus, meu Deus porque me abandonas?”, logo seguida de “um grande grito”. Nesse momento histórico, Jesus rebenta todos os limites e passa para lá deles, como corpo-sopro que nada, ninguém pode mais deter. E é assim, como corpo-sopro que nada, ninguém pode deter, que, desde então, está entre nós e connosco para sempre. Até que a humanidade seja plena e integralmente humana quanto ele. Sempre com Deus que nunca ninguém vê, mas a potenciá-la de dentro para fora a quem lhe dá essa oportunidade, e, ao mesmo tempo, sempre sem Deus.

DEFINE A VIDA DE JESUS COMO A DE UM QUASE CLANDESTINO. ISSO MARCA A SUA HISTÓRIA?

Sim, marca todo o viver histórico militante de Jesus e marca também o viver na história de quantas, quantos praticamos a sua mesma fé e a sua mesma teologia, em cada tempo e lugar, também neste terceiro milénio que é o nosso. Cujas condições históricas são muito mais desenvolvidas e muito mais científicas do que as de então. A clandestinidade é condição /sine qua non /para quem vive no sistema de poder, mas não é dele. Viver no sistema de poder, sem nunca ser dele será sempre um viver politicamente subversivo que deixa os das cúpulas do poder furiosos e fora deles, pois não suportam viveres históricos que não controlam. Por isso, os excomungam, caluniam e matam, hoje, sobretudo, de forma incruenta, até para não fazerem mártires. Desconhecem ou esquecem o que nos diz-revela Jesus, o do Evangelho de João, «Se o grão de trigo, caído na terra, não morre, fica só. Se morre, dá muito fruto». Aliás, meu próprio ser-viver de presbítero-jornalista, no sistema de poder, sem ser dele, é o que mais testemunha-grita ao país e ao mundo. São vidas assim, perseguidas, denegridas e ostracizadas que são fecundas e fonte de fundada esperança para a humanidade.

ATÉ QUE PONTO PODE ESTE LIVRO RELIGIOSO MUDAR A PERSPETIVA DO SEU LEITOR?

Devo esclarecer de novo que este não é um “livro religioso”. Todo o religioso é perverso, politicamente alienante e anestesiador. O religioso é a doença infantil da humanidade. Este livro é profundamente antropológico e teológico. Navega as águas do humano, não do divino. O divino é o grande tentador do humano. Nas mentes onde entra, neutraliza e devora o humano. E faz de uns poucos minorias privilegiadas com poder religioso, político ou financeiro, e das maiorias, todas suas súbditas. Este livro, ao contrário dos livros religiosos e sagrados, tem tudo que ver com os seres humanos que somos, em todas as nossas dimensões, também a de seres misteriosamente habitados por aquele Deus que nunca ninguém viu e que se nos dá a conhecer em cada ser humano concreto que vemos, de modo especial, nas inúmeras vítimas humanas dos sistemas de poder. Vem por isso despertar-nos para a imperiosa necessidade de nascermos de novo, do vento, da liberdade. Até chegarmos a mudar de ser e de Deus. Concretamente, do deus dos sacerdotes e dos sistemas de poder para o Deus de Jesus, que é o das vítimas que os sistemas de poder e o seu deus, o dos sacerdotes, produzem em série e de forma científica. E estimular-nos, neste início do terceiro milénio, a fazermos esta mudança antropológica e teológica, sob pena de simplesmente desaparecermos sem deixar rasto. Este livro vem dizer-nos que este nosso milénio descobre e pratica a mesma fé de Jesus e a sua mesma teologia, ou simplesmente não será. Acabará devorado pelo deus de todos os sistemas de poder, a começar pelo religioso-clerical e a acabar no financeiro. Jesus, o de antes do cristianismo é claro. “Ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro.” Ou Deus ou dinheiro. Por outras palavras mais antropológicas-teológicas, “Ou os seres humanos e os povos que vemos ou o dinheiro”. Jesus, o deste livro, é taxativo. Usa a disjuntiva “ou”, não a copulativa “e”. Por isso, diz, Deus ou dinheiro. Os seres humanos e os povos ou o dinheiro. Ao contrário, todos os sistemas de poder, a começar pelo religioso, desconhecem a disjuntiva “ou”. Conhecem apenas a copulativa “e”. Dizem, Deus e dinheiro. E dado que vivemos num tempo de generalizado ateísmo religioso e cristão, já nem a copulativa “e” a ligar Deus e dinheiro ele conhece. Conhece apenas o dinheiro. E, aqui, devo confessar, com dor, que deste deus, o dinheiro, não conheço nenhum ateu. É por isso que o nosso mundo hoje é cada vez mais este inferno radioativo, com aceleradas alterações climáticas que levam tudo com elas, numa guerra mundial não declarada, mas progressivamente em curso. Uma guerra que, pela primeira vez na história, não faz aceção de pessoas nem de regiões do planeta.

A PALAVRA “ESCONDER” SURGE MUITAS VEZES NOS SEUS TRABALHOS. PORQUÊ?

É verdade. E não só esta. Também a sua antónima, “desvendar”. E a razão é simples. O mundo formatado pela ideologia-teologia do judeo-cristianismo-islamismo e seus livros sagrados é um mundo de mentira e faz-de-conta. Contam mais os conceitos e os sistemas de doutrina do que as pessoas e a natureza. Ora, a ideologia-teologia dos livros sagrados é como um manto que cobre a realidade. Vemos o manto, não a realidade. E demencialmente tomamos por realidade-verdade o manto que a cobre-esconde, quando a realidade é a que está sob o manto. E não há realidade mais real nem verdade mais verdade do que os milhões e milhões de vítimas dos sistemas de poder. As vítimas humanas e as da natureza. Nunca choraremos bastante esta mentira institucionalizada que se faz passar por verdade. A verdade. Eis porque as palavras de ordem mais oportunas e necessárias, hoje e aqui, são desvendar, destapar, revelar, tirar o véu ideológico-teológico. Até acabarmos de uma vez por todas com os livros sagrados e a ideologia-teologia que deles emana.

A BÍBLIA TEM SIDO UM “BESTSELLER” EM PORTUGAL NOS ÚLTIMOS ANOS. ENCONTRA RAZÕES PARA VENDER TANTOS EXEMPLARES?

Encontro. E por isso é que em 2017 publiquei o livro “A Bíblia ou Jesus?” O título já diz tudo. Aquele “ou” entre Bíblia e Jesus, exige-nos uma escolha. Se escolhemos a Bíblia, excluímos Jesus histórico, o de antes do cristianismo, que é crucificado como o maldito, precisamente, para se cumprir a Escritura, ou a Bíblia. O modo como o título do livro está formulado sugere que a opção correta é escolhermos Jesus histórico e o seu projeto político maiêutico. As religiões do livro e as igrejas cristãs todas sempre escolheram a Bíblia e rejeitaram Jesus histórico e o seu projeto político maiêutico. Os devastadores frutos dessa opção estão hoje aí bem à vista. Só não vê quem não quer ver. É claro que as igrejas podem sempre dizer e dizem que escolhem a Bíblia e Jesus. Exatamente, como escolhem Deus e o dinheiro. Só que o Jesus das igrejas cristãs todas não é o Jesus histórico, muito menos o seu projeto político. É o Jesuscristo da fé, que faz desaparecer o Jesus histórico. São todas mentirosas e pais-mães de mentira. Sempre nos esconderam que a Bíblia é uma pequena-grande biblioteca, mandada escrever pela casa real de David-Salomão e concluída pelos sacerdotes do templo de Jerusalém. Para, com esses livros sagrados, ela e eles melhor se imporem sobre as outras tribos de Israel e sobre os demais povos. Por isso, o deus da Bíblia é o deus poder, todo o tipo de poder. Em especial, o poder monárquico absoluto. O poder de um só. A que o cristianismo católico veio acrescentar mais um elemento, o da infalibilidade papal. E tal é o deus do Credo de Niceia-Constantinopla, omnipotente, omnisciente, omnipresente. Um só deus no céu, um só imperador papa em toda a terra. Esta é a ambição do judaísmo davídico, ultrapassada, mais tarde, pelo cristianismo do imperador de Roma, Constantino, e seus sucessores, os papas. No século XVI, com os jesuítas, de Inácio de Loyola, Roma e o Papado perceberam que a melhor maneira de poder dominar o mundo inteiro não é por meio das armas, cada vez mais sofisticadas. É pelo domínio das mentes-consciências das pessoas e dos povos, daí que a grande aposta é na educação e na informação em “overdoses” industriais. Não a educação como prática de liberdade, mas a educação como formatação das mentes. Neste domínio, ninguém mais perito do que os jesuítas. Não é por acaso que, depois do desastre que foi o pontificado de Bento XVI, a Cúria romana imperial foi a correr escolher um cardeal jesuíta, da Argentina de Videla, de seu nome Jorge Mario Bergoglio. E não é por acaso que ele, uma vez eleito, escolheu o nome, não de Inácio, seu fundador, mas Francisco, o da caridadezinha.

Categoria: ISBN: 9789895443284

Autor

Padre Mário de Oliveira

Mário Pais de Oliveira (1937-2022) foi Presbítero da Igreja do Porto desde 5 de Agosto de 1962. Com 5 anos de intensa e fecunda prática presbiteral com jovens dos liceus do Porto e da JEC diocesana, foi chamado a Capelão Militar do Batalhão de Caçadores 1912, que em Mansoa, Guiné-Bissau, prosseguia a Guerra Colonial. Quatro meses depois e sem qualquer julgamento no Tribunal Militar, foi expulso por pregar o Evangelho de Jesus e o direito dos povos colonizados à sua autonomia e independência política e rotulado como 'Padre irrecuperável' pelo respectivo Bispo do Vicariato Castrense, D. António dos Reis Rodrigues. Depois de 14 meses na paróquia de Paredes de Viadores, foi abruptamente exonerado por um decreto que lhe é lido pelo Vigário da Vara que veio a desaparecer da Cúria diocesana, juntamente com a saída do então Administrador Apostólico, D. Florentino de Andrade e Silva. Foi nomeado e tomou posse como pároco de Macieira da Lixa e Zona Pastoral da Lixa em Outubro de 1969, pelo Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, recém-regressado do seu 'exílio' dourado de 10 anos na Europa. Nove meses depois, já é preso político pela Pide/DGS em Caxias. Julgado e absolvido, sete meses depois, pelo Tribunal Plenário do Porto. O feito é festejado com um jantar de gala no Paço episcopal, durante o qual o Bispo declara, alto e bom som, que '20 séculos depois, o Evangelho voltou de novo ao Pretório e desta vez saiu absolvido'. Depois de um forçado exílio de 4 meses em Madrid, imposto pelo Bispo e a expensas da Diocese, regressa à paróquia de Macieira da Lixa e, uns dois anos depois, é de novo preso pela Pide/DGS em Caxias. De onde volta a sair, onze meses depois, absolvido pelo mesmo Plenário do Porto. Só que desta vez não há festejos no Paço episcopal. Pelo contrário, fica a saber pela boca do mesmo Bispo que já não é mais o pároco de Macieira da Lixa e que, enquanto ele for Bispo do Porto nunca mais o será em paróquia alguma. Ao ver-se dispensado de qualquer ofício canónico, Informa então o Bispo que fica de mãos livres para realizar um antigo sonho que é ter uma profissão secular, para poder dar de graça o que de graça recebeu. O que vem a concretizar-se em Janeiro de 1975, quando é contratado como jornalista no vespertino REPÚBLICA, Delegação do Porto. Informa do facto o Bispo e, desde Janeiro de 1975, é Presbítero-Jornalista. Menos de um ano depois fica no desemprego com o abrupto encerramento do REPÚBLICA pelo 'Grupo do Nove' e, algum tempo depois é convidado como Redactor principal, pelo Director do matutino Correio do Minho, em Braga. De onde sai, dez anos depois, para ajudar a fundar o Jornal Fraternizar, em S. Pedro da Cova, editado em suporte papel durante 23 anos pela Associação Padre Maximino. Em 2006, foi de novo viver em Macieira da Lixa, onde prosseguiu como Director do JF, desde 2011, só online. Numa casinha arrendada, Rua Alto da Paixão 298. O 'Lugar Teológico' onde deu à luz múltiplos e variados livros, também este seu Livro 50. Obra publicada: Evangelizar os Pobres, Figueirinhas, 1969; Encontro, Afrontamento, 1971; Maria de Nazaré, Afrontamento, 1972; Chicote no Templo, Afrontamento, 1973; Estava Preso e Visitastes-me, ed. Autor 1974 Cartas da Prisão, Iniciativas Editoriais, 1974; Ser Jornalista é Tomar Partido, ed. Autor 1975; Nascer de Novo. Ensaio de Catequese Libertadora, Afrontamento, 1975; O Bispo Converteu-se, ed. Autor, 1976; Creio na Revolução, Ulmeiro, 1977; Viver sem Deuses nem Chefes, Centelha, 1978; No Princípio Era o Amor, ed. Autor; Cristãos Por Uma Igreja Popular, Centelha, 1983; Evangelho de Isabel, Associação Padre Maximino, 1986; Como Fui Expulso de Capelão Militar, Edições Margem 1995; Mas à África, Senhores, Por que Lhe Dais Tantas Dores, Campo das Letras, 1997; Fátima Nunca Mais, Campo das Letras, 1999; Nem Adão e Eva, Nem Pecado Original, Campo das Letras, 2000; Que Fazer Com Esta Igreja?, Campo das Letras, 2001; Fátimamente (com fotos de Guilherme Silva), ed. Autor, 2001; Em Memória Delas. Livro de Mulheres, Campo das Letras, 2002; E Deus Disse: Do Que Eu Gosto é de Política, Não de Religião, Campo das Letras, 2002; Como Farpas, mas Com Ternura, Editora Ausência, 2003; Ouvistes o Que Foi Dito aos Antigos. Eu, Porém, Digo-vos, Campo das Letras, 2004; Canto(s) Nas Margens, Editora Ausência, 2004; E se Com o Papa Enterrarmos Também Esta Igreja Católica Romana?, Arca das Letras, 2006; Em Nome de Jesus, Arca das Letras, 2005; Na Companhia de Jesus e de Ateus. Livro dos Actos Século XXI, ed. Autor, 2005; O Outro Evangelho Segundo Jesus Cristo, Campo das Letras, 2005; A Fachada da Igreja, Canto Escuro, 2006; Salmos Versão Século XXI, Campo das Letras, 2007; Quando a Fé Move Montanhas, Editorial Magnólia, 2008; As Homilias da Paz, ed. Assoc. dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, 2008; Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação, Areias Vivas, 2009; O Livro da Sabedoria, Edium Editores, 2010; O gato Artur Salomão & Enfim, Episcopus!, Edium Editores, 2011; 3 Estórias: O menino e sua mãe. Joana de olhos abertos. Caim-e-Abel, Edium Ed. 2011; Livro dos Salmos Versão Século XXI Livro 2, Edium Editores, 2011; Evangelho de Jesus, Segundo Maria, mãe de João Marcos, e Maria Madalena, Edium, 2012; O Livro dos Salmos Versão Terceiro Milénio, também para ateus, Edium Editores, 2012; Jesus segundo João. O 4º evangelho traduzido e anotado como nunca o conhecemos, Seda, 2013; Quadras e Outros Cantos-Poema, Seda Publicações, 2014; Fátima S.A., Seda Publicações, 2015; Pratico, Logo Sou. Pensamentos, Seda Publicações, 2015; 14 Cartas ao Papa, Seda Publicações, 2016; De Cristão a Humano. Crónicas Exemplares, Seda Publicações, 2016; A Bíblia ou Jesus?, Seda Publicações, 2017; Evangelho no Pretório. Uma Espécie de Autobiografia com humor e Amor, Seda, 2018; Da Escuridão de Milénio à Luz, Seda Publicações, 2018; Da Ciência à Sabedoria - Em Tempos de Covid-19, Seda, 2019; Jesus segundo os 4 Evangelhos em 4 volumes, Seda Publicações, 2019; Do mítico cristo-da-fé ao Jesus histórico - Os 4 Evangelhos em 5 Volumes finalmente desencriptados!, foi o seu último livro publicado, em Setembro de 2021. Textos do editor Jorge Castelo  Branco sobre o Padre Mário de Oliveira e a sua vida e a sua obra

Dois autores da Seda Publicações / Gugol Livreiros expressaram neste Blog o seu sentir, no momento do desaparecimento do Padre Mário de Oliveira

António M. Oliveira, em artigo na Viagem dos Argonautas Nelson Ferraz, in poema Mário, Viagem dos Argonautas

Também pode gostar…