Arranja-me um emprego
Na enorme variedade de temas, soltos e por vezes desconexos, como as conversas entre amigos que se amam desde sempre e para sempre, sobressai uma conexão extremamente estimulante entre as anódinas temáticas do quotidiano (os homens, as mulheres, o amor, o sexo, a solidão, as novelas, os erráticos estados de alma…) e algo a que os sociólogos apelidam de “variáveis estruturais”, tendências pesadas que constrangem as (im)possibilidades do nosso aqui e agora: o capitalismo predatório, a exploração desenfreada, os lazeres alienados e alienantes, a ausência de ética e de responsabilidade pública, o poder da finança como besta à solta. De alguma forma, ler este livro é como embarcar numa navegação caótica sobre o espírito do tempo, mas uma navegação onde nos salvamos todos, autores e leitores, no limiar de um pressentimento: entre nós há laços. E se há laços, então talvez este país não se vá embora. (João Teixeira Lopes)