A Parábola de Eva

A Parábola de Eva

poesia de Marinha Marques

    

 

Sábado, 15 de Julho, 18h00 

Salão Nobre da Junta de Freguesia da Cidade da Maia

(Av. Dom Manuel II 1573) 

 

 

A MINHA APARIÇÃO  (ou uma mera questão de NÃO SER)

Resolvi intitular assim a apresentação desta obra poética, inspirada no título da obra de Virgílio Ferreira APARIÇÃO, apenas na medida em que me identifiquei com a sua principal personagem Alberto Soares, na busca da sua verdade. Este meu trabalho é o resultado de uma viagem espiritual, uma dolorosa e, ao mesmo tempo fascinante peregrinação interior, com um consequente gradual e progressivo despojamento, ao encontro com a minha Verdade, a essência de mim. E, assim, inicialmente, como no caso de Virgílio Ferreira, após apurada pesquisa filosófica sobre os porquês da existência, mergulhei profundamente na chamada filosofia existencialista, sobretudo na dialética a ela subjacente, no binómio SER/TEMPO e todo o niilismo a ela inerente desde a morte de Deus propalada pela filosofia de Nietzsche, Heidegger e outros, e que, naturalmente se reflectiu com grande acuidade em vários dos meus poemas, resultado de uma perturbação de espírito, dando origem ao vazio existencial, ao desespero, pessimismo, e o sem sentido da vida tão característico do ser humano contemporâneo.

Atendendo a que esta obra pretende dar a conhecer essa viagem espiritual, pelo menos é essa a minha principal intenção, justificar, através dela, a minha própria APARIÇÃO, dando assim testemunho do percurso de um SER humano em peregrinação, entendi por isso, que se justificava a inserção dos poemas da chamada primeira fase, de cariz marcadamente confessional, angustiante e dramático, poemas estes já justamente rotulados de demasiado mórbidos. Entendo, contudo, que aqui se justificam plenamente, atendendo ao objectivo proposto, e para que possa dar a conhecer o percurso evolutivo da filha pródiga em busca do lar. Em suma, trata-se de uma mera questão de (NÃO)-SER. Da minha condição de ser. Nada mais que um despertar, uma viagem fantástica ao encontro da essência, procurando assim, atingir um estado de consciência cada vez mais puro e consentâneo com essa essência. Tarefa para nós todos, exigente, árdua mas, sobretudo, fascinante.

Considero, todavia, que, só através de uma contínua e laboriosa busca interior, encontraremos a chama da Vida que flameja dentro de nós, e que sempre lá teve a sua morada, e o real objectivo desta nossa peregrinação terrena, como seres lúcidos e conscientes, e, então sim, descobriremos o real significado das palavras paz, fraternidade e generosidades palavras, que continuam tão ocas, meros significantes esvaziados de qualquer significado. Estamos mortos. Morremos ao matarmos Deus. Suicidamo-nos porque nos esquecemos de que SOMOS Deuses, Será preciso recordar. Renascer. VIVER na verdadeira acepção da palavra. Então, sim, não há nada que impeça de criarmos o paraíso. Aqui e Agora. Jamais leis e decretos mudarão o mundo, se não tivermos a coragem de mudarmos a nós mesmos, pois é aí que jaz a verdadeira mudança. E a poesia é, indubitavelmente, também, um dos meios a atingi-la.

Como diria Thomas Moore na sua obra “A noite escura da alma”: “Possuímos capacidade de ser poetas da nossa experiência. A nossa noite escura pode ajudar-nos a ser pessoas de cristal transparentes e inteligíveis… A linguagem poética adequa-se à viagem marítima nocturna… no ventre da nossa mãe, transformamo-nos em pessoas. Na nossa noite escura uterina, transformamo-los em almas”.

 

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