O Comprador de Tempo
Sobre o livro: Em “O Comprador de Tempo”, o leitor é convidado a entrar nos universos pessoais de uma mulher e de um homem, que se amam. Este lugar-comum é contornado com a intromissão do autor, o qual, para além do seu papel narrativo, opina e tece considerações sobre os personagens principais. Os amantes, que se conheceram pelas virtudes da mais velha profissão do mundo, deambulam pelos momentos em que só os corpos entregues reciprocamente, compreendem. E deambulam também por tertúlias literárias que, sem que disso se dêem conta, os conduzem para além do prazer.
Em alternância ao discurso directo e à narração na terceira pessoa, o leitor é confrontado com monólogos retrospectivos e que dão corpo à causa das coisas. Perante a iminente união dessa mulher com esse homem, o autor imprime um discurso parcial, a roçar o preconceituoso. É aqui que emerge o personagem masculino, em vigor de macho, afrontando o autor, matando-o.
Findo o preconceito, aos amantes é dado o direito de o ser, o que lhes equivale a ter a rédea da história, do romance. E é a partir daí que vem ao de cima a importância do transcendente, de Deus, do intangível mas sábio e omnisciente, que, na dimensão dos personagens, talvez tenha morrido com o narrador. Através da narrativa possível em torno do erotismo, “O Comprador de Tempo” é uma viagem de fé à reconciliação com o sofrimento e a dúvida.