José de Jesus Barreto, nasceu a 6 de Junho de 1957 em Massarelos, Porto, mas viveu desde o seu nascimento até a sua morte na freguesia de Campanhã, também na cidade do Porto.
Já desde criança, a sua veia artística era notável, por isso acabou por sair da Escola de Ramalho Ortigão para frequentar o 3.º Ano Geral da Escola das Belas Artes Soares Reis. Porém, como jovem aventureiro, preferiu ser desprendido e optou, pouco tempo depois, por ir trabalhar. O seu primeiro emprego foi numa loja onde descobriu o seu talento como vendedor. Teve vários empregos nesta área que lhe possibilitaram conduzir automóveis dessas empresas. Desenvolveu o gosto e mais tarde começou o seu novo emprego como motorista de táxi, profissão que exerceu até ao fim da vida.
José tinha também uma paixão pela natação. Aprendeu a nadar com o Duque da Ribeira.
José Barreto casou aos 24 anos com a mãe das filhas, Filipa e Sofia Barreto. Pouco tempo após o nascimento de Sofia, a filha mais nova, sucedeu o divórcio.
Na sua poesia, José reflete como falhou como pai, explicando que o amor maternal e a ausência de disciplina paternal resultou num adulto mal preparado para a vida. Durante o seu percurso, José passou por episódios em que perdia o controlo sobre o vício pelo jogo, facto que influenciou negativamente a sua vida. Porém, o seu carisma, a sua aptidão natural para fazer amigos e a sua vasta cultura geral, abriam-lhe sempre mais alguma janela, mal uma porta se fechava.
José tinha a carta 5 de paus, como a sua carta de sorte. Os seus amigos e colegas de trabalho com quem ele jogava, contam que quando alguém o queria corrigir no jogo das cartas, ele respondia: «Ensina-me a fazer dinheiro». Queria dizer com isso, que ele dominava o jogo na perfeição. Hoje em dia, a carta 5 de paus continua a ser referenciada pelos amigos como «a Quina do Barreto».
Quando suas filhas já tinham emigrado com a mãe para a Alemanha, José enfrentou um grande sentimento de culpa por ter sido um pai ausente. Já em idade adolescente das filhas, José começou, à distância, a «namorar» os seus corações, como ele escrevia. O sentimento de culpa foi omnipresente, o que bem se reflecte, também, na sua poesia. José Barreto demonstrava o seu amor pela família com gestos carinhosos, era extremamente meigo e beijoqueiro. Fruto dessa maneira de ser, José criou, mesmo a distância, uma ligação com os netos calorosa e de muito afecto.
Ao longo dos anos, José declamou a sua poesia ao volante do seu taxi, fascinando pessoas de várias classes socias e de diversas profissões: jornalistas, actores, escritores, professores, etc. Chamou a atenção de jornalistas, o que o levou a participar no programa «Pensadores» do Porto Canal e a ser entrevistado pelo Jornal de Notícias. Por inseguranças várias, nunca chegou a realizar em vida o seu sonho de publicar um livro de poesia.
José Barreto morreu na sequência de um atropelamento – que, por ironia, ocorreu na freguesia onde nasceu, Massarelos –, a 31 de Dezembro de 2021.